Você sabia que a pasteurização só existe por causa da “ajuda” da Prússia? A história da pasteurização é muito curiosa e envolve um período histórico bem conturbado, vem com a gente!

A pasteurização é um importante método para preservação microbiológica de várias bebidas. Essa técnica foi desenvolvida por um dos maiores gênios da humanidade: Louis Pasteur!

O francês, considerado um dos fundadores da microbiologia, também atuou com importantes estudos em outras áreas, como na Química e medicina. Desenvolveu vacinas e técnicas de assepsia de equipamentos cirúrgicos, recebendo vários prêmios e reconhecimento!

Louis Pasteur para a cerveja é de grande importância, afinal, foi ele quem descobriu que as leveduras eram um organismo vivo, responsável pela fermentação! Antes dele o processo fermentativo dos vinhos e das cervejas eram um grande mistério.

No auge de sua carreira, no final da década de 1860, depois de receber o título de Professor Catedrático de Química na Sorbonne Université, Pasteur negociava verba com o então Imperador, Napoleão III, para montagem de um moderno laboratório. Infelizmente o projeto foi interrompido com a eclosão da Guerra Franco-Prussiana, que culminou na queda do Império Francês e na criação do Império Alemão, unificando os estados prussianos.

Nesse período de guerra, Pasteur foi para o interior, se isolar do conflito. Foi aí que se dedicou aos estudos de cerveja.

Após a derrota na guerra e perda de territórios para os alemães, surgiu uma grande rivalidade entre os dois estados. Essa rivalidade também atingiu o âmbito acadêmico. Ainda durante a guerra Pasteur lançou-se nos estudos da cerveja! Cartas da época mostram que o objetivo explícito dos estudos era levar a cerveja francesa a excelência, superando a alemã!

O resultado desse estudo foi o livro “Études sur la bière” nesse livro ele mostrou que bactérias como os lactobacilos são responsáveis por azedar a cerveja.  Nessa publicação Louis Pasteur também descobriu que outros microrganismos podem matar as leveduras cervejeiras, levando a uma fermentação incompleta. Foi desse estudo que surgiu a técnica de pasteurização, um processo de aquecimento que elimina esses microrganismos, resultando em uma cerveja mais estável, resistindo a um tempo maior de armazenagem!

Em 1873, quando patenteou o processo, determinou que as cervejas produzidas na França com a técnica, deveriam levar o nome de “Cerveja da vingança nacional” e no exterior de “cerveja francesa”.

Como funciona o processo:

A pasteurização que fazemos aqui na fábrica da Prussia é de túnel. As garrafas ou latas de cervejas ficam em uma esteira e atravessam esse túnel, onde são banhadas por jatos d’água quente, em torno de 60 °C. Durante toda passagem sensores monitoram a temperatura interna da garrada, assim conseguimos determinar o tempo exato que a cerveja deve ficar, e a que faixa de temperatura! Assim não há risco de ‘cozinhar’ a bebida, ficando apenas o necessário para eliminar os microrganismos.

Chopp vs Cerveja:

Pela regulamentação vigente no Brasil, para uma cerveja ser considerada chope, ela não deve ser pasteurizada. O resultado disso é uma bebida mais delicada e perecível. Por não ser pasteurizado, o chope contém esse microrganismos que deterioram a cerveja. É por isso que um barril dura em torno de 5 dias, se não for mantido refrigerado. As baixas temperaturas diminuem a atividade microbiológica, e consequentemente o tempo de deterioração.

Quer se aprofundar sobre o tema? Achamos poucas referências sobre o tema em português, usamos esses artigos de base para escrever este texto:

Biografia de Pasteur.
Pasteur e a Guerra Franco-Prussiana.
Ciência durante a Guerra Franco-Prussiana.
Pesquisador da Fermentação – Revista da Cerveja.
Revanchismo de Pasteur.
Pasteur et la bière.